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A**.
Viajando pelo Europa
Não sabia nada sobre Zbigniew Herbert antes de comprar "Um Bárbaro no Jardim". Após ler que o livro era de um consagrado poeta polonês – sem outras obras editadas no Brasil – e misturava ensaios sobre arte com viagens, achei que poderia ser uma obra interessante. De fato, saí recompensado.Publicado em 1962, "Um Bárbaro no Jardim" une as andanças de Herbert na França e na Itália com seus interesses por pintura, arquitetura e história. Herbert iniciou sua viagem aos 33 anos, em 1958, e só voltou para a Polônia dois anos depois. Nos ótimos ensaios que compõem a obra, as viagens parecem ser mais uma desculpa que o autor usa para discorrer sobre alguns temas de interesse pessoal. Afora momentos banais, não conseguimos perceber tanto a presença do Herbert turista, mas sim do intelectual; no entanto, há alguns momentos em que suas impressões pessoais ficam explícitas, como:Saio da catedral na praça deslumbrante e abrasada pelo sol. Os guias gritam, apressando os rebanhos de turistas. Os fazendeiros suados de um país distante filmam, cada pedaço do muro apontado pelo guia e obedientemente entram em êxtase, tocando as pedras de século atrás. Não têm tempo para olhar, de tão ocupados que estão com a fabricação de cópias. Verão a Itália quando estiverem em casa: imagens coloridas, em movimento, que não teriam nada a ver com a realidade. Já ninguém tem vontade de estudar as coisas diretamente. O incansável olho mecânico produz emoções finas como membranas. (p. 130)E isso em 1959!Parece claro o profundo conhecimento do autor sobre os temas tratados, especialmente do período que vai da Baixa Idade Média até o início do Renascimento, entre os séculos XIII e XV, que englobam a maior parte do livro. Entre os locais visitados – e seus respectivos temas – estão:-Os desenhos das grutas de Lascaux (França), que foram fechadas ao público em 1963;-A arquitetura das ruínas dóricas de Pasteum (Itália);-A história de Arles (França), cidade mais conhecida por ter sido onde Van Gogh morreu, mas que foi a capital da Provença até e o século XII;-Orvieto (Itália) e sua catedral, onde está O Juízo Final de Luca Signorelli;-Siena (Itália), sua história, sua arquitetura e seus pintores, até a cidade ter sido suplantada politicamente por Florença;-Uma história das catedrais góticas;-Um ensaio sobre os hereges albigenses, que viveram no sul da França e foram massacrados por uma cruzada na primeira metade do século XIII;-um ensaio em defesa dos templários, destruídos em meio ao crescimento do poder estatal francês no começo do século XIV;-Uma viagem pela Itália em busca das obras de Piero Della Francesca;-Uma visita às cidades de Chantilly, Senlis, Chaalis e Ermenonville, ao norte de Paris, situadas na região histórica de Valois, berço da monarquia francesa.No capítulo sobre os albigenses encontramos o momento mais político da obra, quando Herbert – que, mais tarde, manifestou-se contra a censura na Polônia – escreve que:A história (não só medieval) ensina que a nação submetida aos métodos policiais se desmoraliza, se desintegra interiormente e perde capacidade de resistência. Até a luta mais impiedosa dos homens enfrentando corpo a corpo não é tão perniciosa como os sussurros, as escutas, o medo do vizinho e a traição que paira no ar. (p. 227)Um ponto negativo da edição feita pela Editora Âyné é a completa ausência de aparato crítico. Dado o fato de Herbert ser praticamente desconhecido pelo público brasileiro, o livro poderia apresentar um texto mais completo do que os dois parágrafos sobre o autor ao final do livro. Além disso, não é nem mesmo possível saber quando o livro foi originalmente publicado sem consultar uma fonte na internet.
F**S
que venham mais títulos do genial Z. Hebert!!!
Do grande trio de poetas poloneses contemporâneos, C. Milosz, W. Szymborska e Z. Herbert, os dois primeiros foram agraciados com o Nobel em literatura. Talvez por pudor da Academia Sueca em premiar sucessivamente três poetas poloneses, Herbert acabou sendo injustamente secundarizado no Ocidente, mas certamente não por ser pares (como no testemunho comovente sobre sua obra por parte dos dois primeiros) e, creio eu, do público leitor polonês, língua que, infelizmente não domino.Conhecia diversas de suas excelentes poesias, em tradução para outras línguas, e agora tive a oportunidade de ler uma das suas coletâneas de ensaios. Culto, leve, bem-humorado, com um conhecimento impressionantemente aprofundado de pintura e arquitetura, algo raro nos profissionais de letras, só há uma palavra para defini-lo: genial!Em um livro de viagens e análises de obras de arte e edificações que a maioria dos leitores não necessariamente tem acesso (conheço apenas parte o imenso conjunto de pinturas, monumentos, catedrais etc. mencionados no livro), há, normalmente, partes mais ou menos interessantes para o leigo. Do meu ponto de vista, o ensaio "Uma pedra da catedral" sobressai pela originalidade, profundidade da pesquisa das fontes originais e uma escrita leve e nada pedante.Infelizmente, são raríssimos talentos como o de Herbert em nossos dias, onde predominam textos acadêmicos áridos e mal escritos, repletos de jargão pretensamente técnico.Viva Herbert!, um gênio cuja elegância e aparente simplicidade, deixam entrever um erudito digno dos mestres renascentistas que ele tão bem analisa. O mundo precisa com urgência de mais Herberts, para torná-lo menos áspero, rude e tolo.
C**O
magnífico
relatos de locais com profundo conhecimento histórico numa linguagem coloquial, humorada e surpreendente. Melhor livro do ano para mim
H**O
Arte medieval. Viagem.
Uma deliciosa viagem pela arte medieval, escrita de uma forma envolvente e como muitos dados. A medida que se lê o livro é possível consultar na Internet os locais e artistas mencionados.
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